WandaVision, a primeira série do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) no Disney+, conta a história de Wanda Maximoff e Visão e é a primeira obra lançada pela Marvel após Vingadores: Ultimato. Dividida em 9 episódios, a minissérie criada por Jacc Schaeffer e dirigida por Matt Shakman foi lançada semanalmente entre 15 de janeiro e 5 de março de 2021, dando início à fase 4 do UCM.
Nesse texto não vamos abordar detalhadamente cada episódio — isso já fizemos no nosso Instagram, corre lá para revisar os episódios caso tenha se perdido na história —, mas sim a estrutura da série. Aqui vamos abordar a série de um contexto geral. Se você não quiser saber absolutamente nada sobre o enredo e a forma de WandaVision, talvez prefira parar por aqui, mas os spoilers mesmo só aparecem mais adiante.
Ao meu ver, WandaVision é dividida claramente em dois blocos, que são seguidos de episódios explicativos e do final da série. O primeiro bloco seria do episódio 1 ao 3, com a quebra no 4, e o segundo bloco seria do episódio 5 ao 7, com a quebra no 8, e seguido do 9, que é o final.
Minha expectativa era realmente ver uma nova história, algo além de super heróis, além de explosões e briga — é claro que eu queria isso também, só que de forma que não fosse o centro da história. Foi o que eu recebi. Os primeiros episódios mostram quase nada do que a gente estava acostumado com a Marvel, que costuma desenvolver pouco os personagens em meio a brigas e explosões, como inclusive tinham feito com a Wanda até então. Eles simplesmente a retiraram desse contexto e redesenvolveram a personagem de uma nova forma, valorizando sua história e tudo pelo que ela passou. Temos que lembrar que Wanda perdeu os pais, o irmão e o amor.
No primeiro bloco nos deparamos com sitcoms dos anos 1950, 1960 e 1970, nas quais somos apresentados a Wanda e Visão, que estão morando na pacata cidade de Westview e vivendo uma vida “normal”. Cada episódio conta com efeitos, formatos, diálogos e tempo relativos à década em que eles se passam. Eu achei isso maravilhoso, pois eles poderiam simplesmente colocar um filtro preto e branco e feito como fazem atualmente, mas recriaram a atmosfera da sitcom. Esses primeiros episódios servem para gerar dúvidas e nos deixar intrigados quanto ao que está acontecendo com os personagens principais e habitantes da cidade. Quem criou essa realidade? Quem controla essa realidade? Quais são os efeitos disso no mundo exterior? Por que sitcoms?
Alerta: a partir daqui, o texto VAI conter spoilers de WandaVision.
Vemos algumas quebras e alguns defeitos na realidade, como a Wanda revertendo o tempo, mandando no Visão e expulsando a vizinha Geraldine de lá. Vemos também o Visão começando a questionar o que está acontecendo ali, o que se torna muito importante para o enredo. O episódio dos anos 1970 é o primeiro em cores da série e é onde acontece o nascimento dos filhos do casal, os gêmeos Tommy e Billy, que têm seu crescimento acelerado — em um mesmo episódio a Wanda engravida, tem os filhos e eles viram crianças.
A Marvel apostou em algo completamente fora dos seus padrões, nos jogando em uma história aparentemente meio “sem pé nem cabeça” sobre uma superpoderosa e um robô morto. Honestamente, não faz nenhum sentido, apesar de ser maravilhosamente bem feito e bem cuidadoso.
O episódio 4 é a primeira quebra de WandaVision. Alguns podem achar que é uma quebra de ritmo da série, porém eu achei o momento exato para fazer uma pausa e tentar entender o que estava acontecendo. O episódio começa com o blip dos filmes dos Vingadores, o que trouxe todo mundo que havia sumido de volta. Somos apresentados a Monica Rambeau — ou na verdade reapresentados, pois já a conhecíamos de Capitã Marvel, porém como criança. Somos apresentados à SWORD, que é tipo uma SHIELD e está investigando o sequestro de uma cidade. Somos reapresentados a Jimmy Woo e Darcy Lewis nesse episódio e eles desenvolvem uma química e tanto na tela, funcionam muito bem e espero que venha um spin-off deles.
Temos então uma leve explicação do que está acontecendo. O sequestro da cidade é na verdade uma redoma que vai ser chamada de Hex ou Anomalia Maximoff. Sabemos que a Monica virou Geraldine ao ter sido abduzida pela bolha. Esse respiro da realidade das sitcoms nos entrega explicações por parte da Marvel: de como é a anomalia, quem são os personagens da sitcom, qual o objetivo daquilo e um possível vilão no diretor da SWORD. A série acerta até para explicar. Trouxe muita informação de forma dinâmica sem parecer que está lendo uma enciclopédia maçante com centenas de dados.
O bloco dois, que pra mim foi o melhor, nos traz às sitcoms dos anos 1980, 1990 e 2000. Como agora temos mais informações da parte de fora de Westview, as coisas dentro da Anomalia Maximoff fazem mais sentido, o que não faz com que tenhamos novas dúvidas. Pietro Maximoff aparece, porém ele está diferente da versão que conhecemos nesse Universo, que tinha morrido em Vingadores: Era de Ultron. Aqui, o velocista foi interpretado pelo mesmo ator que interpreta o personagem na série dos X-Men, o que fez os fãs entrarem num frisson achando que os Mutantes seriam introduzidos na série. Parece que eles vão sim aparecer no Universo, mas não foi agora. A Marvel não será displicente para fazer isso do nada.
Pietro também pressiona Wanda sobre os poderes dela e/ou os fatos do passado. A SWORD manda um drone com um míssil para matar Wanda e ela protagoniza uma das melhores cenas da série quando leva o drone para fora, confronta a agência e faz todos os militares apontarem as armas para Hayward. Definitivamente Wanda colocou medo naquele momento, ela mostrou que só não fez mais porque no fundo tem coração. Os conflitos do Visão sobre a realidade e o que está acontecendo chegam ao limite máximo de ele sair do Hex e pedir ajuda ao pessoal da SWORD, que não faz absolutamente nada.
É muito divertido quando os gêmeos, filhos do casal, despertam seus poderes, pois a química entre os dois é muito legal e os poderes funcionam muito bem. Espero que eles apareçam em outras histórias do UCM, porque foram uma das melhores coisas da série. Monica também entra no Hex mais uma vez e acaba ganhando poderes, mas ainda não sabemos muito bem o que esses poderes são. Nesse bloco a Wanda acaba expandindo o Hex para salvar o Visão, que saiu, e engloba muito da base da SWORD. Após a expansão da redoma, o Visão acaba formando uma dupla com Darcy. No fim do bloco, Wanda descobre que Agnes é na verdade a Agatha Harkness, uma bruxa, e que sequestrou seus filhos. Por favor, Marvel, cuidado com o que você vai fazer com essas crianças. Juro que não respondo por mim se algo de ruim acontecer com elas.
A segunda quebra é ainda mais importante do que a primeira: ela explica todo o passado da Wanda, que tinha sido apenas citado antes. Vemos a morte dos pais da Wanda e a explicação de por que a realidade era baseada em sitcoms. Ela, os pais e o irmão assistiam a sitcoms para aprender inglês. Além disso, descobrimos que Wanda é uma bruxa desde sempre e é ela que impede o míssil Stark de explodir e matar tanto ela quanto o irmão. O contato com a Joia da Mente só aumentou os poderes que a Wanda já tinha. O Visão e a Wanda se aproximaram após a morte do Mercúrio e a série mostra o início da relação entre os dois, uma relação bem leve e fofa. Temos uma bruxa traumatizada e o maior computador da terra conversando sobre amor e luto, dando um tapa na cara de todo mundo.
Vemos ainda a Wanda invadindo a SWORD e se despedindo do corpo do Visão. Uma das cenas mais incríveis é quando a Wanda chega em Westview e cria toda a realidade e um novo Visão. Que sequência triste. Me senti muito mal pela Wanda e, como a Monica fala depois, “se eu tivesse poderes eu faria o mesmo”. No fim do episódio, a Agatha chama Wanda de Feiticeira Escarlate, a alcunha já conhecida da personagem nos quadrinhos. Uma cena pós-creditos mostra o Visão Branco sendo lançado pela SWORD.
O final da série é incrível. Pode ser decepcionante para quem comeu corda dos teoristas (quase terroristas) da série, mas para mim, que mantive minha expectativa com base no que a série mostrou, foi incrível. Temos o embate mágico entre a Feiticeira Escarlate e a Agatha, além do embate entre o Visão e o Visão Branco. Depois entram os gêmeos e lutam com os militares da SWORD que invadem a Anomalia Maximoff. Apesar das expectativas dos fãs, a série não teve Mephisto, não teve Doutor Estranho; foi sempre a Agatha tentando entender e tomar os poderes da Wanda. A despedida de Wanda da realidade que ela criou, dos filhos e do Visão foi emocionante. Ela entendeu que sequestrar uma cidade inteira e passar seus sofrimentos para todos em prol da felicidade individual não era aceitável.
Fim dos spoilers!
Essa aposta da Marvel com um novo formato foi acertada. Além de expandir a história de uma personagem incrível e já amada que tem um potencial de ser a Vingadora mais poderosa, apresentou um aprofundamento na mitologia das bruxas e da feitiçaria no UCM. Agora sabemos que a Wanda é uma bruxa e que existem outros bruxos. O roteiro de WandaVision se mostrou muito fechado e redondo. As maiores críticas foram geradas pelos fãs, que tinham expectativas sobre o aparecimento dos X-Men, alimentadas pela utilização do Evan Peters; ou sobre uma aparição do Doutor Estranho, de Mephisto, de Pesadelo ou qualquer outro grande personagem.
A história é grandiosa SIM, porém o escopo dela atinge uma quantidade menor de personagens. No fundo, WandaVision é uma história “só” sobre a Feiticeira Escarlate e não sobre 15 ou 20 personagens, porém temos uma só personagem que raptou uma cidade e mostrou todo o potencial dos seus poderes, com direito a lutas incríveis e aprofundamento psicológico.
Em WandaVision a Marvel desenvolveu o universo místico, apresentando novas histórias, que não tinham sido tratadas antes pois o universo da magia só foi explorado em um filme diretamente. As novas séries Falcão e o Soldado Invernal e Loki devem ajudar a expandir novas fronteiras do universo. Falcão e o Soldado Invernal deve tratar de governo, forças militares e paramilitares, enquanto Loki vai abordar viagem no tempo e suas anomalias.
A Marvel jogou muito certo com WandaVision, tanto no sentido de contar histórias quanto no quesito estratégia para vender o Disney+. O UCM entrou numa nova etapa. A saga das Joias do Infinito acabou e agora vamos para outra saga — que vai acabar introduzindo novas regras, novos personagens, novos perigos e assim por diante.
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