Há tempos que eu sentia falta de um bom documentário biográfico sobre grandes personalidades, inovadores e pessoas que ajudam a moldar o mundo onde vivemos, pois eles são motivadores e, assim como um livro biográfico, nos ajudam a entender como esses grandes gênios interpretam o universo a sua volta. Daí a Netflix vem e me surpreende com essa minissérie de uma das personalidades que mais admiro, Bill Gates. “O Código Bill Gates” (péssimo nome por sinal, é alguma referência ao Código da Vinci?) conhecido lá fora por “Inside Bill’s Brain: Decoding Bill Gates”, ela entra na cabeça e no cotidiano de um dos homens mais ricos do mundo, um dos fundadores da Microsoft e atualmente um dos maiores nomes quando se fala em filantropia, graças a sua fundação.
Por se tratar de um conteúdo original da Netflix, já fiquei com receio, pois ultimamente o seu histórico não tem sido muito favorável em relação a qualidade, mas sim a quantidade. E mesmo tendo visto o primeiro trailer e gostado, ainda estava apreensivo, a Netflix produz ótimos trailers. Mas a minissérie me surpreendeu, pois, ao longo dos seus 3 episódios, não nos mostra um Bill Gates super-homem, como às vezes alguns documentários do tipo tentam aparentar sobre grandes personalidades. O documentário mostra um Bill Gates muito humano e que fala que seu maior medo é que seu cérebro pare de funcionar. Quem de nós não tem esse receio? E esse é um dos maiores méritos da série, nos fazer criar uma conexão com Bill, nos faz sentir que ele também é um de nós e é atormentado pelos mesmos demônios (talvez com um pouco mais de dinheiro e força de vontade para combatê-los).
Uma das coisas mais legais é que parte das entrevistas com Bill é feita através de uma caminhada na floresta, com um tom informal de conversa, como se você estivesse ali, junto a ele e o entrevistador, e até o ângulo da câmera contribui com essa ambientação. É através dessas conversas que viajamos a diferentes áreas da sua vida. Conhecemos a sua infância, adolescência, a sua relação com a Microsoft, a sua saída da empresa e o interesse pela filantropia etc. Muito da sua história não é só passada pelo próprio Bill, mas por muitas pessoas que estão no seu entorno, como suas irmãs, sua secretária, seus funcionários e, principalmente, sua esposa e parceira na fundação, Melinda Gates. Pessoa que é perceptivelmente essencial na sua vida.
A minissérie não mostra um Bill Gates businessman, mas sim um homem que hoje utiliza sua expertise no mundo da tecnologia e nos negócios para tentar melhorar o mundo, atacando problemas como o saneamento básico em países subdesenvolvidos e a erradicação de doenças como a poliomielite. O sentimento que o documentário passa é que tudo o que Gates viveu nos negócios serviu de combustível para essa “evolução”, um homem que utiliza a filantropia para promover mais saúde e qualidade de vida ao mundo. Talvez esse seja o propósito de vida de Bill Gates: tornar a vida das pessoas mais fácil, seja com o Windows, seja com a filantropia.
“O código Bill Gates” desconstrói, no melhor sentido da palavra, o mito ao redor de grandes gênios. Não deixando de mostrar que, claro, ele tem uma inteligência além do normal, mas que isso não o faz intocável, muito pelo contrário, isso o faz ter um senso de responsabilidade sobre em que atua maior que a maioria de nós, e talvez seja isso que o faz tão especial, um líder admirado. É como o Stan Lee gostava de falar “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, e Bill Gates tem muita noção disso.
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