O que falar sobre esse filmaço do Coringa que estava sendo tão esperado? Diante de tudo que aconteceu com outros filmes, todas as polêmicas de escolha de ator, péssimos roteiros e ainda uma necessidade de comparação insuperável com o personagem que foi vivido por Heath Ledger, ir com as expectativas altas para esse filme parecia uma armadilha da qual todos sabíamos o resultado final, mas por incrível que pareça, pela primeira vez no cinema, tivemos um resultado diferente. Quer descobrir o porquê? Então continua lendo e vem conosco descobrir o que achamos dessa pré-estreia.
Obs: Primeiramente, existe uma regra a ser seguida (e eu mesmo não segui essa regra, mas a recomendo), ao assistir ao filme, você precisa deixar um pouco as comparações com Heath Ledger de lado, e logo explicarei o porquê.
Coringa, ou “Joker” como é originalmente conhecido, é um filme de drama/suspense, porém dessa vez sem as pitadas de heroísmo que estamos acostumados a ver. Nele conhecemos Arthur Fleck, um comediante falido, que, claramente, possui muitos problemas emocionais e mentais. Já de início, é fácil perceber que Arthur não leva uma vida fácil, tendo de trabalhar como palhaço tanto de propaganda quanto de animação para sustentar a si mesmo, e a sua mãe, Penny Fleck, com a qual ainda mora e está aparentemente bem doente.
Após uma série de eventos trágicos, Arthur acaba perdendo o emprego, o quê, junto a diversos outros problemas ocorridos, leva-o a se revoltar, uma revolta que inicia claramente contra aqueles que o machucaram (ou pelo menos estavam tentando machucá-lo), mas que acaba tomando proporções bem maiores quando se torna não apenas uma vingança, mas uma luta contra um sistema de classes sociais representada por um movimento popular desenfreado.
É estranho já iniciarmos vendo um ponto de ideologia sendo levantada em um filme de um personagem que geralmente só quer o caos pelo caos, porém temos um motivo para isso, Todd Phillips, diretor do longa, claramente não queria apenas uma história de sangue desenfreado, ele queria um plano de fundo que realmente gerasse esse Coringa que viemos a conhecer, e para mim esse ponto funciona. As coisas podem aparentar acontecer muito rapidamente, mas criar um Coringa apenas pelo caos em um filme de duas horas e conseguir sustentar isso poderia ter sido um desafio bem maior e que talvez novamente apenas decepcionasse seu público.
Um ponto a ser ressaltado é que acompanhamos a vida e a própria mentalidade de Arthur se deteriorando cada vez mais. As diversas risadas que são apresentadas no filme (e que risadas), e os momentos onde elas aparecem deixam isso bem claro. A partir do momento ápice que Arthur não consegue mais aguentar e faz suas primeiras vítimas, vemos que ele não leva aquilo apenas como um mero assassinato, mas sim como uma arte e se sente livre, o que aflora nele um sentimento maior.
Daí para frente, todas as consequências e acontecimentos levam-nos a conhecer o personagem que todos estavam esperando. Um Coringa “frio”, louco e, dessa vez, bem visceral. Um ponto a ressaltar na atuação de Phoenix é que consegui identificar um pouco de vários Coringas de diversas obras com o passar do longa, um pouco de alguns Coringas das HQ’s, como de Cavaleiro das Trevas, por exemplo, um pouco do Coringa mais antigo e dos jogos da série Arkham (principalmente em sua postura e movimentação), e até mesmo um pouco do Coringa de Heath Ledger em alguns momentos, graças à espontaneidade de Phoenix, que em momento nenhum força algo goela abaixo para termos de engolir um personagem.
Apesar disso, o filme (e o próprio ator já tinha comentado sobre isso) opta por não querer fazer muitas referências ao universo DC em si. É um filme bem mais fechado em si mesmo, o que para mim é triste, já que perde a possibilidade de abordagem de um bom Coringa, algo que estamos precisando muito no cinema em outras produções. Não estou dizendo que acrescentando um tema mais heroico a futuros filmes, como até mesmo um Batman, o filme funcionaria, mas creio que valeria a tentativa.
O filme opta muitas vezes pela dubiedade dos fatos, deixando sempre aquela pequena dúvida de o que será que realmente ocorreu ali, e isso é bom e realmente parte da proposta, mas existem momentos onde isso acaba não demonstrando toda a real capacidade de atuação que Phoenix possivelmente conseguiria entregar. Um desses momentos, por exemplo, (sem spoilers, calma), ocorre quando, ao invadir a casa de um de seus vizinhos, temos o ápice de tensão de uma cena, da qual não sabemos o que se desenrola, e não, não estou falando que precisávamos ver o que aconteceu ou mais vísceras rolando, mas um pouco mais de claridade tanto na situação quanto a demonstração da mente psicopata desse Coringa aflorando cada vez mais.
Meu único real contraponto é que, em determinados momentos, sentimos que a história demora um pouco a se desenvolver. Na verdade, talvez duas horas foram meio que insuficientes para explorar um pouco mais o personagem, algo que talvez uns 10 ou 15 minutos a mais pudessem ter feito diferença, mas, de qualquer forma, o filme se desenrola bem, sem muita enrolação ou momentos desnecessários.
Por fim, resta aquela pergunta que sempre vai existir: Então, Phoenix superou ou não o Coringa de Heath Ledger? E a resposta para mim é clara e simples: Ambos os atores tinham conceitos diferentes de Coringa em seus filmes e ambos superaram as expectativas, o que os colocam em um mesmo patamar, digamos assim. De qualquer forma, Coringa é uma obra de arte que mescla uma ótima filmografia, trilha sonora e, claro, atuação. É um filme de origem, não apenas de personagens, mas da cidade de Gotham em si e todo seu caos e podridão (pelo menos me aparentou isso), e não deve ser deixado de assistir tanto pelos fãs do personagem quanto pelas pessoas que tem uma certo afinidade com esse tipo de filme.
Para finalizar, sei que o filme ainda vai gerar muitas discussões sobre se foi ou não bom, se o Coringa de Phoenix é ou não melhor que o de Ledger ou seja qual outro, mas meu único comentário para isso é: esqueça tudo isso, curta a sessão e tire sua própria conclusão. O longa me deixou sem ar e arrepiado em diversos momentos e isso não tira o mérito já conhecido por Ledger, apenas inclui para mim mais um personagem incrível que tenho certeza que demorará a ser superado novamente.
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