Recomendo fortemente que, antes de ler o texto, assista, pelo menos, aos demais episódios da última temporada, principalmente pela quantidade de possíveis spoilers que terá aqui.
A última temporada de Gotham traz diversos pontos a serem abordados em uma análise, rendendo pano pra manga para criticar tanto positivamente quanto negativamente, por isso, após assistirmos ao último episódio, eu e Lucas Hater, fãs que somos do Batman e de todo seu universo, vimos a necessidade de dividirmos essa análise em duas. Uma para a temporada completa, discorrendo seus altos e baixos, e uma especifica para esse último episódio, que “entrega” tantas coisas ocorrendo ao mesmo tempo e necessita de uma atenção mais minuciosa, a pergunta que não quer calar é, essa formula deu certo? Ou será que temos mais um episódio superficial?
Como o título já demonstra: “The Beginning”, ou “O Começo” em português, o objetivo do episódio é entregar a real chegada do Cavaleiro Negro a Gotham. Para isso, o episódio inicia justamente onde o ultimo acabou, demonstrando a viagem de Bruce e seu sumiço de Gotham, onde, por meio de uma carta, ele explica seus motivos para sumir, sendo esse o ultimo contato dele com seu mordomo Alfred por um bom tempo. Nossa primeira referência já é apresentada nesse momento aos olhos mais atentos, já que é possível imaginar para onde o jovem garoto está indo.
Após isso, 10 anos se passam e somos apresentados à nova Gotham, com um gostinho de fan service, já que nosso primeiro take é do Comissário Gordon e seu famoso bigode que, venhamos e convenhamos, ficou bem trash no personagem. Na verdade, aí vemos nosso primeiro ponto, a maior parte dos personagens possui sangue de vampiro, pois esses dez anos praticamente não os envelheceu, em poucos até podemos notar alguns traços de envelhecimento, como o próprio Gordon, ainda assim faltou um maior zelo nesses detalhes e nos efeitos. Mesmo sendo algo caro a ser aplicado em todos os personagens, a série deveria ter se atentado mais, pelo menos nos principais.
De volta a Gordon, ele está prestes a se aposentar de sua vida de comissário, porém, assim como em toda a trama da série, a cidade ainda não está preparada para andar com suas próprias pernas. Gordon continua com seus dilemas internos, apesar de que dessa vez o principal motivo é que, em dez anos, ele continua sendo um dos poucos que realmente faz o que faz pela cidade, o que é abordado por Lee. Diante disso, ele aceita continuar, porém apenas até a chegada de Bruce Wayne e a inauguração da nova Wayne Tower.
Edward Nygma, agora oficialmente o Charada, também é apresentado logo no início, e aparenta ter regredido desde os últimos episódios, parece estar mais louco e menos inteligente, diferente do vilão que estava sendo desenvolvido. Por si só isso já apresenta mais dois pontos negativos: primeiro, com todas as fugas e ideias mirabolantes que ocorriam em todas as temporadas, acaba sendo muito conveniente ele e o Pinguim ficarem presos pelos 10 anos que se passaram. E segundo e mais conveniente ainda, ele regredir tanto a ponto de novamente se tornar apenas um louco que não percebe uma trama relativamente simples na sua frente, fora o complexo com seu outro “eu” que fora totalmente esquecido nesse episódio e aparentemente daí para frente.
Não demora muito até que uma trama bem maior, ao melhor estilo de Gotham, inicie. Harvey, após investigar a recente fuga ocorrida em Blackgate, assume a culpa por um crime não cometido por ele, sem explicar a ninguém o motivo (não, isso não é um spoiler, é mostrado logo no inicio que ele não cometeu o crime), e aí começa o mistério do episódio que perdura do início ao fim. Infelizmente isso não demora muito, pois aqui apontamos a principal falha do episódio. A falta de tempo o tornou superficial demais, a história em si até tinha potencial e muito, mas passa tão rápido que não é bem desenvolvida. Além disso, a serie não se mostra corajosa a ponto de matar certos personagens mais queridos e próximos, o que poderia ter gerado pelo menos um sentimento maior de empatia e de surpresa nos espectadores.
Temos também o retorno de outros personagens, alguns de forma mais adorável, como é o caso de Barbara que continua resistindo na série, e também apresentação de “novos” como a filha de Gordon que agora está mais velha, ainda assim, não é abordado muito sobre ela. Vemos também Selina Kyle, mais velha e uma ladra bem mais profissional e experiente, a sequência dela faz jus à sua personagem, principalmente no uso de seu uniforme, que ficou até legal, apesar de alguns detalhes poderem fazer uma diferença com uma maior qualidade, principalmente caso houvessem as orelhas de gato e seu famoso chicote. Ainda assim, a escolha da atriz Lili Simmons para representar uma versão mais velha de Selina foi ótima, sendo uma das poucas personagens que realmente aparenta ter tido uma passagem temporal.
A caracterização do Pinguim e do Charada ficou boa, na verdade um ponto de destaque para essa dupla é a referência que fazem ao clima mais cômico e “trash” dos filmes mais antigos, como é o caso do grito e do susto de ambos no fim do episódio, do momento em que eles estão presos no poste, e o seu último dialogo, sobre conquistar Gotham, porém “amanhã”. Uma referência clara à dupla formada por Charada e Duas Caras no filme Batman Eternamente.
A trama da bomba também é meio estupida e passa muito rápido, pois apresenta apenas o clichê da bomba escondida e do desarmamento em cima do tempo, o momento realmente mais valioso desse episódio está quando Gordon fala o nome de Jeremiah ocasionando o despertar da real trama final, ainda assim isso não é bem apresentado. Caso realmente ele tivesse despertado após ouvir seu nome ou o retorno de Bruce Wayne, o episódio teria um peso muito maior, mas não é isso que aparenta, parece que ele estava apenas fingindo esse tempo todo, tirando toda uma hype de uma clara referência à quando coringa desperta de seu estado catatônico após ouvir que Batman retornou a ação nas HQ’s “The Dark Knight Returns” a qual recomendo fortemente que leiam.
Algumas outras grandes referências são notadas nas falas do Coringa, que dessa vez realmente nos é apresentado, apesar de não ser citado seu nome, em um breve momento ele pede para ser chamado de Jack, (para quem não sabe, Jack Napier é o nome de uma das origens do Coringa, sendo uma das mais aceitas atualmente) e também quando ele fala que “é tão difícil saber o que é real, e que isso é o bastante para deixar alguém louco” outra clara referência a como ele apresentava sua origem nas HQ’s. A caracterização do Coringa também ficou muito boa, talvez não a melhor para alguns, principalmente por sua face, mas realmente achei bem fiel em alguns pontos.
O único ponto que faltou falar foi sobre o Batman, como o próprio ator que interpreta Gordon disse, só o veríamos no ultimo frame do último episódio, e foi o que aconteceu, e falando sobre isso, o traje dele ficou bom, não dá para negar, porém deu uma ideia de avançada demais para uma “primeira versão”, além disso, não combinou com o personagem, deu para lembrar bastante algumas roupas vistas no cinema, principalmente levando em consideração a trilogia de Nolan, porém em uma versão mais magra e esguia. Outro ponto é que a voz não combina com o personagem e ainda temos de ter tempo no episodio para desenvolver a saga amorosa entre ele e Selina Kyle. Ainda assim, os poucos momentos misteriosos quando o Batman passa rapidamente para dar avisos a Gordon e assustar os vilões ficaram bem interessantes, dando aquele sentimento de que: Sim, ele está ali, está observando o que está acontecendo e tentando decifrar o mistério, o que se conclui com sua “aparição” em um momento crucial do episódio.
Por fim, o episódio é legal, porém nada mais que isso, traz um desfecho para a série e entrega uma visão do Batman que a gente tanto esperou através das temporadas, apesar disso, ele é muito superficial e deixa a gente com uma sensação de: vai ter uma serie do Batman? Caso tenha, até consigo entender o porque de toda a trama do último episódio começar e acabar tão rápido. Caso não, novamente temos aqui um caso de um episodio mal planejado e uma finalização de série que não estava prevista. De qualquer forma, as referências feitas dão um tom legal, mas não são o suficiente para segurar a sua qualidade e tornar esse episódio realmente bom. O finale tem potencial, mas falha na entrega dele.
Mais sobre SÉRIES
Puxadinho Cast #110 | One Piece (Netflix)
A Netflix finalmente lançou a adaptação em live action de One Piece. Em meio a desconfianças, a série conseguiu superar …
Puxadinho Cast #108 | BBN Especial: Indicados Emmy 2023
Neste Beyblade News especial, nós comentamos os indicados do Emmy 2023 e quais são nossas expectativas para essa premiação. Dá …