O Mecanismo é uma série brasileira da Netflix inspirada nos eventos e os bastidores da Operação Lava-Jato, baseada nos fatos descritos no livro de Vladimir Netto, “Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e Os Bastidores da Operação Que Abalou o Brasil”. Lançada recentemente, a segunda temporada é o nosso foco aqui. A ideia é não ter muitos spoilers, mesmo sabendo que a série se baseia em fatos já ocorridos no país.
A série continua com as investigações um pouco ainda travadas em cima de Ricardo Bretch e as suspeitas de lavagem de dinheiro da sua empresa, a Miller&Brecht. Marco Ruffo (Selton Mello) ainda mantem, mesmo fora da polícia, o afã para ajudar Verena (Carol Abras) a continuar informalmente as investigações. É aí que a série toma novas e interessantes perspectivas para esse novo ano.
Ruffo continua atrás de Ibrahim (Enrique Díaz), perseguindo-o pela rixa e passado vivido entre os dois, mas ele peca por não entender que a Lava Jato é muito maior do que o doleiro. E, tentando conciliar a ajuda a Verena e alimentando essa perseguição quase que infantil, é que ele se vê perdendo tudo que está a sua volta e imergindo em um próprio frisson interno.
A direção do José Padilha é a mesma que já conhecemos e vimos em filmes como Tropa de Elite. Muita go pro pra registrar momentos mais críticos e narração de fundo do ator principal para explicar a cena corrente. O trabalho de direção aqui é muito bem feito e leva a série brasileira a um patamar que está longe (e que bom) das já cansadas produções nacionais (salvo exceções).
Vimos na segunda temporada de “O Mecanismo” que há uma clara transição entre a investigação policial frenética da temporada anterior para decisões que afetam o cenário político. E fica claro para quem assiste que é fácil entender todos os bastidores do impeachment e o que de fato aconteceu para que, orquestradamente, a presidenta fosse deposta. E isso é muito bom porque não há criação ou invenção de personagens, tudo na série tem boas referências aos nomes e aos personagens reais, e segue os acontecimentos de toda a operação da polícia federal.
Por fim e para não soltarmos alguns spoilers e opiniões políticas tendenciosas por aqui, indico a série também pela pertinência do tema. Serve para entendermos como tudo ocorreu, e não somente isso, como foram os bastidores – que não são mostrados – dos acontecimentos mais recentes do nosso país. O arco temático entre Ruffo – Ibrahim e Verena – Brecht são os pontos distintos na série, mas que merece atenção pela minúcia do roteiro e da interligação entre eles.
P.S Fique atento a forma como o personagem Marco Ruffo é construído (ou desconstruído) e a sua relação entre a sua mente e as referências que ele faz.
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