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Clima do Amor (Forecasting Love and Weather) tinha tudo para ser um dos dramas mais queridos do ano: um bom diretor e dois protagonistas de alto nível. Será que cumpriu a promessa?
Jin Ha-Kyung (Park Min-Young) está noiva de um colega de trabalho, Han Ki-Jun (Yoon Park), mas o relacionamento desanda de vez quando ela o flagra com outra. Pouco depois do término, Ki-Jun se casa com a amante e Ha-Kyung acaba sendo promovida a diretora na unidade central do órgão oficial de meteorologia da Coreia. Além dos desafios da nova posição de liderança, existem também os desafios de ter a vida pessoal tão exposta e saber que todos estão falando dela.
Lee Si-Woo (Song Kang), apesar de não ter tantos anos de experiência, tem um talento nato para a previsão do tempo e trabalha em outra unidade do mesmo órgão público. Ele morava com a namorada, a repórter Chae Yu-Jin (Yura), que terminou com ele de uma forma inesperada. Agora, transferido para a unidade central, ele passa a integrar a equipe de Ha-Hyung. Pouco depois de se conhecerem, eles saem para beber e acordam um do lado do outro — mas prometem que nada mais vai acontecer e vão ser “adultos maduros”.
Até parece.
A coisa que Ha-Kyung menos queria era enfrentar mais uma vez a exposição que vem com namorar um colega de trabalho. Si-Woo não se importa em ser exposto, mas respeita a escolha dela. E, por isso, os dois começam um relacionamento secreto, que ela promete terminar se for descoberto. É a clássica dinâmica do romance de escritório, com poucas novidades, muito divertida de acompanhar. Eles formam um bom casal. Mas não demora até os problemas começarem a aparecer.
Da parte de Si-Woo, ele não tem uma boa relação com o pai, que é tudo que restou de sua família. O pai é tudo o que ele não quer ser: interesseiro, ganancioso, irresponsável, inconveniente e nada digno de confiança. E isso criou uma espécie de bloqueio, que até foi o que afastou Yu-Jin. Ele pode ser confiável, pode amar a pessoa de verdade, pode estar feliz e fazer a pessoa feliz, mas nunca vai querer levar o relacionamento a um estágio “sério de verdade”, pois acha que isso significa a pessoa carregar os fardos dele — no caso, o pai.
Da parte de Ha-Kyung, isso é a maior besteira, além de ir completamente contra o ideal de relacionamento “para casar” que ela sempre quis, e que antes achou que tivesse com Ki-Jun. Sem contar que a mãe dela parece prestes a ter um ataque cardíaco pensando na possibilidade de a filha não se casar. Ela também é intrometida e inconveniente, mas de um jeito bem diferente do pai de Si-Woo. Suas ideias mirabolantes acabam até encontrando um pretendente surpreendente para a irmã mais velha de Ha-Kyung, uma escritora e ilustradora de quadrinhos divorciada.
Talvez o mais refrescante de Clima do Amor seja justamente o que muitos disseram ser inverossímil: a amizade que Ha-Kyung e Si-Woo mantêm com seus antigos parceiros. Ki-Jun e Yu-Jin, agora casados, têm consciência das consequências de suas traições e de como é difícil sustentar um relacionamento em vez de fugir quando as coisas se distanciam do ideal. A união dos dois enfrenta vários momentos de turbulência ao longo do drama e conta até com um pequeno arco envolvendo gravidez e aborto. Embora a conclusão dele tenha ido para um lado mais clichê, ou até fácil, achei que o desenvolvimento foi feito com bastante respeito.
Aliás, o drama faz questão de mostrar os personagens como seres humanos imperfeitos, com seus próprios dilemas e sofrimentos, a todo momento. Ki-Jun é um traidor que trocou a noiva por outra, mas faz questão de continuar presente como um amigo após a poeira baixar. Ele também tem problemas de autoestima em sua vida profissional, intensificados pela maneira agressiva com que os outros constantemente questionam suas habilidades. Yu-Jin também traiu e abandonou um relacionamento antigo, mas alerta o ex-parceiro sobre o que exatamente a afastou dele, para que ele tenha mais chances de fazer seu novo relacionamento durar. Muitas vezes, ela se sente solitária no casamento.
E isso não é feito como uma tentativa de apagar a dor que uma traição causa, de fingir que eles estavam certos, nem como uma forma moralista de mostrar que eles sofrem porque “merecem” sofrer pelo que fizeram. Realmente parece que o que Clima do Amor tentou fazer foi criar personagens reais, com qualidades e defeitos, e isso se aplica a todos eles. Colegas de trabalho, parentes, ex-parceiros traidores, os próprios protagonistas. Todos eles.
Clima do Amor tem vários momentos realmente divertidos e foi, na maior parte do tempo, muito legal de acompanhar. Acho que ele brilhou mais justamente nesses momentos de comédia, embora eles não sejam predominantes. E grande parte do alívio cômico fica por conta da própria dinâmica do “romance de escritório”, especialmente quando é escondido, e do casal improvável formado pela irmã da protagonista e por um colega de trabalho.
Cada colega de trabalho também tem um arco a ser desenvolvido e uma questão, seja profissional ou pessoal, a enfrentar. Um deles ficou longe da esposa e da filha por muitos anos e acha que tudo vai voltar magicamente ao normal quando ele voltar. Outra passa a sustentar a casa sozinha para o marido poder estudar. Outro não quer se aproximar muito de ninguém, nem tem muito tato, mas acaba sendo surpreendido. E outra está pensando em trocar de departamento por não se sentir valorizada no trabalho.
Nem vou me aprofundar muito na questão dos fenômenos climáticos para não falar nenhuma besteira do que não entendo, mas cada episódio leva o nome de um fenômeno diferente, que é descrito e relacionado ao que está acontecendo no relacionamento principal. Isso amarra os acontecimentos do episódio de forma interessante e diferente, e as relações não são forçadas, como já vimos muitas vezes.
No geral, diria que Clima do Amor vale a pena, embora não tenha sido o melhor da temporada — fãs de clichês gostaram mais de Pretendente Surpresa, que é uma aula de como escrever um clichê bom, e fãs de histórias mais reflexivas preferiram Vinte e Cinco, Vinte e Um. Apesar de perder um pouco de tempo, até mesmo no episódio final, com flashbacks ou términos-relâmpago, o ritmo é bom, os personagens são cativantes e, convenhamos, Park Min-Young não erra.
Clima do Amor foi transmitido entre 12 de fevereiro e 3 de abril, pela jTBC na Coreia do Sul e pela Netflix mundialmente. No Brasil, dois novos episódios com legendas e dublagem em português são liberados por semana. Os últimos dois serão transmitidos em 8 de maio.
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