A magia é uma característica quase que tradicional em obras de ficção fantasiosa. Ela aparece há séculos e de forma bem diversificada nas mais diversas obras. De forma técnica, de forma sutil, de forma a aumentar a capacidade do usuário e seu time em habilidades normais, a mágica tem diversas faces. No mundo de Tolkien, ela não poderia deixar de aparecer.
O mundo de Tolkien, ou o mundo de O Senhor Dos Anéis, encanta pessoas ao redor do mundo desde 1937, quando foi lançado O Hobbit, sua primeira obra nesse universo gigantesco. A magia nesse universo é apresentada de duas formas principais: uma forma bem mecânica, que é demonstrada pela pura habilidade técnica do usuário, e uma forma muito mais sutil, quando se refere aos sentimentos potenciais dos personagens.
A forma mecânica é muito simples de ser notada. Ela aparece de forma bem clara como algo que acende uma luz, uma palavra, usar um objeto específico, fazer um movimento de cajado. Essa utilização técnica fica evidente quando Gandalf abre a porta de Moria, onde a magia é claramente uma fechadura. Ao colocar o Um Anel, seu usuário fica invisível, mostrando algo mecânico nessa magia. Mesmo essa mágica mais clara tem seus meandros mais suaves, e a própria Galadriel explicita isso ao dizer na Sociedade do Anel a Frodo e a Sam que ela não entende o que eles chamam de mágica – como se, para ela, aquilo fosse apenas uma das dimensões da realidade pura e simples que outros seres não entendem e não podem acessar. Para os leigos, que desconhecem esses mecanismos, suas leis e funcionamento são mágica. O próprio Tolkien reverbera isso ao descrever em uma de suas cartas “magia” e “máquina” como sinônimos.
O aspecto sutil da natureza da magia nessa obra é o caráter psicológico abordado. Esse caráter é abordado quando Tolkien usa a magia como referencial para imprimir os sentimentos dos personagens, aumentando, assim, algo que eles tinham guardado em si. Na batalha de Gandalf contra o rei bruxo de Angmar, a presença do mago branco é descrita como um farol que ilumina a coragem dos homens de forma que enaltecia o livre arbítrio deles, enquanto a presença do espectro intimidava a bravura dos humanos, como um reflexo da magia corrompida de Sauron, e que a diferença entre elas seria, basicamente, o uso que o portador dessa magia faz.
Outro ponto que traz esse aspecto psicológico é a presença do Um Anel e sua magia corrompida por Sauron para gerar dilemas e conflitos no coração dos personagens que o portam. Quando Frodo, inocentemente, oferece o artefato ao Gandalf, este prontamente o recusa, alegando que o caminho do Um Anel para o coração dele seria o de usar o seu poder para o bem. Galadriel também é testada, e dá uma amostra de como ela seria após ser corrompida pela magia. Boromir não se controla diante do poder do artefato, chegando a dizer que ele seria uma dádiva aos inimigos de Mordor.
O elemento do Um Anel mostra como Tolkien usa elementos de magia para levar personagens ao extremo; como essa magia pode evidenciar a corrupção dentro do coração das pessoas, seja pelo desejo do bem, ou pela vontade do poder que ele possui. Essas personalidades sempre estiveram ali, mas precisaram de um impulso para se mostrar evidenciado pelo uso dessa magia.
Portanto, vemos que a obra de Tolkien, que encantou e encanta uma infinidade de fãs pelo mundo, não só traz a magia, como também nos mostra suas diversas possibilidades narrativas. Vemos a magia de forma simples e direta, e vemos também trazendo um caráter psicológico forte nos personagens. Com isso, podemos ver que mundo vasto e complexo foi criado e como ele pode ser explorado pelos fãs.
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