Nos últimos tempos, as obras de zumbi sul-coreanas vêm ganhando bastante destaque na mídia, e não foi diferente com All of Us Are Dead, lançado no início de 2022 na Netflix. Baseado em uma Webtoon, All of Us Are Dead é ambientada no colegial Hyosan, uma escola aparentemente normal até que um acidente acontece. Os estudantes, então, se veem no marco zero da infecção de um vírus mortal que transforma suas vítimas em monstros canibais. À medida que o vírus se espalha entre seus colegas, os estudantes percebem que não há para onde fugir. Presos na escola e precisando lidar com a versão zumbificada de seus amigos e professores, eles precisam achar um meio de lutar e escapar vivos.
All of Us Are Dead nos apresenta diversos enredos simultâneos, sem que haja apenas um único protagonista definido na trama. Acompanhamos diversos estudantes que se encontram em locais diferentes do colégio, cada qual com seu objetivo; a mãe de um desses estudantes; o streamer; o bombeiro, o policial e o exército. Esse dinamismo é interessante porque nos faz esperar os momentos em que os personagens de diferentes núcleos vão finalmente se encontrar e interagir, além de nos deixar ansiosos em relação à forma como as ações de um grupo impactam no outro, mesmo que os mesmos não percebam.
Um ponto positivo para esse drama é que o mesmo mostra o progresso da infecção zumbi de forma gradual – eu estava acostumada com os enredos onde se menciona um problema e, quando a história de fato começa, a epidemia já se espalhou indefinidamente e não há mais muito o que fazer. Em All of Us Are Dead, é mostrada a origem do vírus, o paciente zero, como as pessoas reagiram aquele estranho fenômeno que estava acontecendo, como o caos começa a se instalar aos poucos em um local e vai se espalhando para os outros, além de retratar a forma como o governo lida com esse problema nas tentativas iniciais de contenção do vírus e resgate de sobreviventes. A sociedade não sucumbe de uma hora para a outra, e é interessante ver o movimento que acontece ao se tentar restabelecer a ordem e solucionar o problema.
Assim como em outras produções sul-coreanas, os zumbis de All of Us Are Dead não são nem um pouco lentos e a transformação acontece rapidamente após a pessoa ser infectada. As cenas de fuga e perseguição são bastante dinâmicas, causam tensão e ansiedade e conseguem repassar bem o desespero que é de fato tentar fugir em um ataque zumbi: não há rotas limpas, tem sempre zumbis surgindo de todos os lados e, com isso, é necessário que os personagens tenham reações rápidas e sejam bastante ágeis. Eu achei as perseguições e saídas bem feitas e realistas, e, pelo dinamismo, não se torna cansativo acompanhar a luta pela sobrevivência de todos ao longo dos 12 episódios.
Em relação aos personagens, temos muitos ao longo da trama e, mesmo assim, cada um tem características e personalidades únicas, diferenciando-os entre si. Além disso, mesmo diante da situação em que se encontram, os estudantes ainda lidam com outras preocupações (seus paqueras, seus amigos, seus pais, o vestibular, faculdade), mostrando que mesmo diante do caos ainda temos o nosso lado humano que influencia no nosso comportamento, não se resumindo tudo a “apenas sobreviver”.
Além do problema óbvio que precisa ser enfrentado, há mais um vilão que o drama coloca e os estudantes de Hyosan precisam enfrentar: um aluno valentão que fazia parte da turma que cometia bullying, Yoon Gwi-nam. Eu sentia agonia sempre que Gwi-nam aparecia em tela, seu nível de maldade é alto e ele não tem dó de fazer coisas ruins. Sua aparição causava preocupação porque não sabemos o que ele pode fazer contra o núcleo principal, era realmente uma pessoa perturbadora.
Um ponto negativo de All of Us Are Dead, no entanto, é o de que alguns personagens e enredos não tiveram um final satisfatório, parece até que alguns mini plots aparecem só para fazer quem está assistindo passar nervoso, porque não têm muito sentido. Alguns personagens com potencial morreram de forma aleatória, dando a impressão de que foram mal aproveitados na trama. Além disso, não curti muito o fato de deixarem o final em aberto para ter como deixa o início de uma próxima temporada. Prefiro quando a história tem começo, meio e fim de uma só vez – mas isso é uma preferência pessoal, embora esse “em aberto” não atrapalhe em nada todo o resto da história que foi apresentada até então. Também acredito que, se houver uma próxima temporada, seja mais para complementar essa lacuna e trazer mais conteúdo extra para a trama.
All of Us Are Dead tem vários elementos de uma história de sucesso: um bom roteiro, personagens cativantes, cenas dinâmicas, além de conseguir nos transmitir tensão, raiva, desespero e medo nos momentos certos, sendo tudo muito bem executado. Nós torcemos pelos personagens, ficamos indignados com as injustiças e ficamos na expectativa dos reencontros, a forma como a história é construída realmente permite que nos envolvamos com a trama. Não é perfeita, mas sempre haverá “poréns”, principalmente lidando com obras desse gênero. Eu recomendo o drama, tive uma ótima experiência com ele.
Ficou curioso? Assista ao trailer oficial a seguir, e deixe sua opinião!
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