Desde que foi anunciado, Cinderela do Prime Video se tornou um dos filmes mais aguardados de 2021, principalmente para aqueles que são apaixonados pelo mundo das princesas. Lançada no início de setembro na plataforma de streaming da Amazon, a produção é uma comédia musical romântica que tem como protagonista a cantora e atriz Camila Cabello.
O longa-metragem foi roteirizado com base no clássico conto da Cinderela, mas com percepções, objetivos e acontecimentos inéditos. Assim como na história original, a protagonista, de nome Ella, é uma jovem que vive com sua madrasta e suas meias-irmãs e tem por obrigação realizar todos os afazeres da casa, como a “gata borralheira”. O seu destino muda ao ter a oportunidade de ir ao famoso baile do príncipe, onde este deve escolher a sua futura esposa.
No entanto, desde o começo da narrativa, a garota tem um sonho que não é encontrado no conto de fadas original: poder trabalhar e abrir a sua própria loja voltada à confecção de roupas. Apesar do envolvimento com o príncipe, o relacionamento amoroso nunca se tornou o principal objetivo da protagonista. A versão lançada no streaming da Amazon apresentou uma personagem forte, empoderada, que sabe muito bem onde quer chegar e não mede esforços para alcançar os seus sonhos. Ela não deixa nada, nem ninguém, atrapalhar o seu caminho, nem mesmo um membro da realeza.
Ainda que tenha aspectos positivos e uma ótima intenção em sua abordagem, a obra muitas vezes se perde e não tem muita certeza sobre o que quer apresentar. Um exemplo é a representação da madrasta, interpretada por Idina Menzel (Frozen). É visível que a ideia inicial é trazer uma personagem má, que destrata a protagonista e que apenas tem olhos para as duas filhas. Porém, em alguns momentos do longa, a madrasta é retratada como uma mãe que sofreu no passado e está apenas protegendo a Cinderela para que ela não cometa os mesmos erros que os seus.
Congruente a esse fato, as meias-irmãs da Ella não são cruéis e até têm certa empatia pela protagonista. Talvez isso aconteça pelo fato de o roteiro estar muito preocupado em não estimular a rivalidade feminina e criar um longa-metragem com mulheres destemidas, decididas e que, de certo modo, apoiam umas às outras. Ainda que seja um bom roteiro, ele poderia ter sido melhor executado e é nítido que, muitas vezes, chega a ser forçado. Exemplos disso vão desde o tom humorístico adotado no filme, passando pela forma como o príncipe se apaixona pela Cinderela e até aos próprios diálogos da história.
A produção é um musical, então é de se esperar que haja números musicais, mas ela é bombardeada de músicas, especialmente no início, o que pode ser considerado cansativo. Entretanto, a trilha sonora do filme traz músicas muito conhecidas pelo público, como Somebody to Love, do Queen, Am I Wrong, de Nico & Vinz, e Perfect do Ed Sheeran, tornando Cinderela bem mais divertido e contemporâneo. Além disso, as canções complementam perfeitamente a narrativa e são extremamente pontuais, isto é, a introdução de cada uma delas no roteiro faz total sentido com o que está sendo contado naquele exato momento. É possível ter essa percepção não só pelas escolhas das músicas, mas graças às interpretações dos atores.
A versão de Cinderela do Prime Video está longe de ser um dos melhores filmes de contos de fadas, mas deve ser apreciada pelo esforço em trazer uma protagonista que foge dos padrões originais. Talvez o maior problema desse longa-metragem é que ele se perde diante de um liquidificador de boas ideias, apesar de ter uma boa premissa.
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