Alguns anos após o término da história original de Death Note, a dupla Tsugumi Ohba e Takeshi Obata lançou algumas histórias fechadas, que se passam no mesmo universo. Por isso, se ainda não assistiu/leu Death Note, provavelmente este texto terá alguns spoilers, visto que fala sobre uma continuação da história original.
Após o shinigami Meadra tentar, sem sucesso, reproduzir os eventos causados por Light Yagami, ele entrega o caderno extra para Ryuk, acreditando que este teria mais sorte na investida. Ao buscar um humano que o proporcione tanta diversão (e maçãs) quanto Light, Ryuk se depara com um garoto chamado Minoru Tanaka, considerado o estudante mais inteligente do Japão, e se surpreende ao descobrir que o death note não serve apenas para tirar vidas.
Essa história, assim como as anteriores, levanta debates e trabalha com algumas hipóteses, como as consequências de se leiloar um death note, além de mostrar como o mundo ficou após a morte de Kira. Apesar de a história e de seu protagonista apresentarem semelhanças com os originais (ao menos nas primeiras páginas), o autor faz questão de diferenciar ambos logo em seguida.
O próprio protagonista, apesar de ter notas altas em testes de Q.I., é um péssimo estudante, quebrando o estereótipo de que todo aluno japonês é aplicado e de que os mais inteligentes sempre se destacam academicamente. Além disso, ao ter contato com o death note, diferentemente de Light, Minoru não tem a intenção de sujar as próprias mãos escrevendo um nome no caderno, mas, ainda assim, quer tirar alguma vantagem da situação. É nesse ponto que a história se diferencia, pois fazer o que o Kira fez seria inviável no contexto em que se passa a trama, de modo que a solução encontrada pelo garoto é leiloar o death note.
Tanto a personalidade do garoto quanto a solução aparentemente pacífica que ele encontrou contribuem para que o público se afeiçoe ao personagem. No entanto, trata-se de uma armadilha sutil do autor, para desviar a atenção dos espectadores das reais intenções de Minoru. Afinal, o garoto sabe quais serão as consequências do seu plano e, mesmo assim, não faz nenhuma questão de considerar a índole de quem vencer o leilão.
Analisando o título da história, é possível traçar um paralelo entre Light e Minoru, pois, enquanto um buscava justiça (mesmo que de uma forma deturpada), o outro almeja apenas “se dar bem”, independentemente do mal que isso possa ocasionar no futuro.
Outro ponto interessante da obra é a ousadia do autor em tecer críticas, especialmente em relação a quão longe as pessoas podem ir por dinheiro e poder, além de fazer algumas pertinentes referências a líderes mundiais.
Death Note: Justice or Evil é uma história interessante que, apesar de curta (é possível concluir a leitura em apenas meia hora), levanta possibilidades para a criação de outras tramas — até mesmo de uma que, finalmente, encerre o ciclo de eventos que Ryuk criou. Além disso, o lançamento desse one-shot pode ser unicamente uma forma de os autores presentearem os fãs da franquia, ou pode ser um indício de que algo maior está sendo planejado para o futuro de Death Note, que, mesmo com o passar dos anos, continua conquistando um público cada vez maior.
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