O romance de Linda Holmes, Não é errado ser feliz, é uma ótima companhia em momentos de quietude, quando a história não precisa chocar ou surpreender, apenas ser bem contada e ao seu final dar um “quentinho”.
Se alguém da pequena cidade de Maine fosse descrever Evvie Drake, provavelmente diria que ela é uma viúva ainda em processo de luto, que sofre quase diariamente pela morte de seu marido, e adicionaria alguns bons elogios a seu ex-marido e casamento. Mesmo não sendo verdade, Evvie nunca lutou contra essa imagem, afinal ser uma viúva triste em luto era muito mais simples do que ser uma viúva aliviada/prestes a abandonar o marido minutos antes de sua morte. Nem mesmo seu melhor amigo Andy tinha ideia de como era seu casamento, mas o que ele sabia era que já estava na hora de Evvie retomar sua vida.
Em um tradicional café da manhã de sábado, Andy sugere que Evvie alugue o anexo à sua casa — e ele já tinha o primeiro locatário em mente, um antigo amigo que precisa se afastar do caos em sua vida por um breve momento. Dean é um jogador profissional de beisebol que não consegue mais arremessar. Depois de inúmeros tratamentos ineficazes e vários ataques da mídia e de fãs, ele precisa se afastar de Nova York. De formas diferentes, tanto Evvie quanto Dean precisam fazer escolhas difíceis e lidar com uma grande confusão de sentimentos para decidir seus próximos passos.
Amor. O Amor enlouquece as pessoas. A perda do amor enlouquece as pessoas.
Não é errado ser feliz é subdividido em quatro partes marcadas pelas estações. Esse é um artifício interessante para guiar o leitor em pontos de evolução na história e dos personagens, já que ele se encerra após cerca de um ano do ponto de partida. A cronologia longa permite que muitas das questões que os protagonistas apresentam sejam desenvolvidas com o tempo necessário, isso porque em sua maioria estão ligadas à saúde mental.
Evvie vive presa entre o que as pessoas acham que era sua vida e o que verdadeiramente era. Todos lhe diziam o quanto Tim e o casamento deles era incrível, mas na verdade ela era infeliz, em um relacionamento abusivo e à beira de largar tudo. Já Dean vivia constantemente se pressionando para que voltasse a ser o atleta excepcional. Ninguém descobria o que havia de errado com seu ombro, em tese não era nada físico, mas toda a pressão não o ajudava a melhorar.
Apesar de ser um livro que facilmente pode ser dito como uma comédia romântica, é diferente de muitos filmes e livros já conhecidos do gênero, pois os problemas e questões dos personagens não somem só porque eles iniciam uma nova relação amorosa. Existe um equilíbrio interessante e não romantizado, em que pessoas não perfeitas e não super resolvidas podem se relacionar e ainda assim manter suas individualidades e cuidar de si, sem sua felicidade depender do outro.
Fugindo um pouco dos clichês adolescentes e com personagens mais densos, Não é errado ser feliz pode ser uma ótima opção de leitura se você busca algo sereno com um pouco mais de profundidade e alguns sentimentos complexos, mas sem grande reviravoltas ao longo da história. E, é claro, com um casal fofo, um amigo cupido e um pouco de drama.
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