Bem, se você já assistiu à primeira temporada de Narcos, assim como eu, acho que não demorou muito para já iniciar a segunda. E sim, a segunda temporada mantém o mesmo padrão de produção da primeira. As atuações continuam não sendo as mais brilhantes do mundo das séries, mas também não deixam a desejar, exceto Pablo Escobar (Wagner Moura). Este mantém uma excelente atuação, desde olhares fulminantes a reações precisas a cada problema apresentado, que não foram poucos.
O texto contém spoilers da primeira temporada.
Após sua inusitada fuga da prisão, construída por ele mesmo em território colombiano, Los Pepes, um cartel de tráfico de drogas, ganha protagonismo e traz muita emoção à temporada, sendo mais uma organização atrás do Pablo. Tal grupo se trata de um grande concorrente do cartel de Escobar e tenta de todas as formas diminuir o poder de mercado que eles tinham, através de ataques e da busca para desarticular os rivais.
Javier Penã (Pedro Pascal) e Steve Murphy (Boyd Holdbrook) continuam como personagens principais no âmbito policial, e atores chaves para que Narcos mantenha seu patamar de atuação. Steve Murphy continua comentando com sua voz de fundo em determinadas cenas, seja com falas humorísticas ou explicando seu contexto, o que dá um tom inusitado, como se fosse alguém comentando a série enquanto ela se desenrola.
Diversas são as tentativas de acharem onde Escobar está, tanto por parte do governo como de Los Pepes, o que acaba criando uma disputa e incógnita: quem vai ser o primeiro a achar Pablo? E essa disputa vira uma questão de honra para ambos os envolvidos. O que nem eu nem eles imaginávamos era que Pablo era um excelente “fujão” e utilizou toda sua inteligência e dinheiro para criar variadas artimanhas.
No meio de toda essa busca, Pablo, que antes tinha muitos recrutas, perde sua influência e consequentemente o seu padrão de faturamento milionário, se mantendo apenas com o dinheiro que tinha guardado (o que não era pouco). Além disso, ficou com pouquíssimos homens para sua guarda, visto que seus rivais, em cada missão para capturá-lo, matavam quem trabalhava para ele. Quem se destaca entre os recrutas é La Quica (Diego Cataño), que se firma como um dos seus empregados fiéis, qualquer que fosse o momento e estado em que se encontrava.
Em determinado momento, a polícia, agora sob o novo comando de Gustavo Greiff (Germán Jaramillo), aborta essa missão de captura por conta do insucesso em encontrá-lo. Contudo, com sede de vingança, alguns policiais fazem uma parceria com Los Pepes, somando as informações privilegiadas que a polícia tinha com o poderio bélico dos traficantes. Logicamente, essa união não ia dar muito certo, sendo logo notado por parte dos comandantes que alguém vazava informações. Inclusive, vários são os “x9” durante essa temporada, e eles acabam se tornando chaves nas descobertas e dados precisos.
Já deu para perceber que o que marca essa temporada de Narcos com certeza são as constantes fugas de Pablo e seus recrutas. Afinal, é preciso fugir das diversas pessoas que buscam capturá-lo e posteriormente matá-lo, seja para assumir a posição no mercado de drogas (cartéis adversários), seja para vingar o que ele fez com o país (polícia). Com isso, cenas envolventes de adrenalina são protagonizadas durante esses momentos.
Uma pena é ver a família do Pablo, sem muito a ver com os negócios dele, passando vários perrengues por conta das perseguições que ele sofria. O apego emocional a Tata (sua esposa) e seus filhos o faz cometer alguns deslizes durante sua tentativa de esconderijo. Além disso, acredito que Narcos “romantizou” muito o Pablo na 1ª temporada, talvez dando a impressão de que ser traficante pode ter lados positivos para a sociedade. É claro que isso pode ter acontecido na vida real, mas poderia não ter sido tão enfatizado. E, falando sobre população, os colombianos acabam perdendo a admiração por Pablo após um ataque sob seu comando fazer vítimas inocentes, demonstrando o nível de angústia de Pablo.
A sensação que dá é que a cada episódio Pablo vai perdendo um pouquinho do seu império, e aos poucos sua capacidade de controle das coisas. Os últimos episódios são altamente viciantes pela intensidade e nível de curiosidade que vai sendo gerada. Frequentemente você acha que vai acontecer determinada coisa, mas fica só no quase — e aqui vão os parabéns aos autores de Narcos pela criatividade e por quase nunca acontecer o óbvio. Eles capricharam e pensaram em cada detalhe. Surge também o pai de Pablo, mas só assistindo à série para entender em qual contexto ele foi inserido.
Por fim, Narcos conclui sua tarefa com crédito e satisfação inegáveis ao espectador. Seu caráter documental com pitadas de ficção dá ao material um toque único e raramente fantasioso, cujo resultado só deixa ainda mais claro que a guerra contra o narcotráfico está longe de terminar. Isso é algo que as próximas temporadas são encarregadas de mostrar.
Acho que a temporada terminou do jeito certo, talvez de uma outra forma poderia ter estragado a série. E, se pudesse dar um conselho ao Pablo, seria: saiba o momento de parar de crescer. Ainda não assisti à 3ª temporada, mas sei que os autores tiveram muito trabalho para manter o mesmo patamar das outras duas. Por esses motivos, a série continua com meus 4 monstrinhos.
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