Tempo de leitura estimado: 9 minutos e 15 segundos
Sonic 2 — O Filme finalmente foi lançado nos cinemas, 2 anos após a chegada do primeiro. As expectativas estavam altas, principalmente para os fãs de longa data do ouriço. Resta agora saber se a sequência faz jus ao que esperávamos, e bom, cá estou eu para contar para vocês.
A premissa? Nada de diferente por aqui: nosso querido ouriço azul está buscando se encaixar em sua nova realidade e o seu papel na Terra, relembrando até mesmo um pouco da saga de Tom Wachowski, o Lord Donut no primeiro filme. Ele quer ser um herói, e até consegue, mas sua forma de resolver problemas pode acabar não sendo tão bem vista. Em meio a isso, o Dr. Eggman, que havia sido preso no mundo dos cogumelos, consegue escapar graças a uma ajuda não tão misteriosa. Em busca de vingança, ele se alia a um novo parceiro, principalmente quando descobre algo que atrai ainda mais a sua ambição por poder: a esmeralda-mestra, que guarda um poder ancião sem escalas. Nisso se inicia uma corrida contra o tempo para recuperá-la e tentar salvar o mundo das garras do mal.
Por mais que seja uma premissa genérica e clichê, Sonic 2 mostra que, às vezes, tudo que precisamos para entregar uma obra boa e divertida é isso: apostar no básico. Principalmente se estamos falando de adaptações de games, que costumam falhar justamente pela necessidade constante de seus diretores e roteiristas de reinventar a roda. É nisso que ambos, o primeiro e o segundo filme, apostam e acertam precisamente. A premissa é simples e existe apenas para que possa encaixar os personagens em seus determinados papéis. O restante? Fica a cargo do roteiro e principalmente dos personagens, que entregam maravilhosamente seus objetivos.
Sonic 2 traz de volta praticamente todos os personagens principais do primeiro, como Eggman, Tom, Maddie, Agente Rocha (Stone), Rachel e, é claro, Sonic, mas dessa vez adições muito bem-vindas foram realizadas. Tails, que vem para complementar e deixar a equipe ainda mais fofa; Wade, um novo alívio cômico (que tenho quase certeza de que apareceu antes como outro personagem); e, obviamente, Knuckles, o Echidna, que em seus primeiros minutos de tela já deixa claro que não está para brincadeiras e que é um oponente à altura do ouriço azul.
O filme é extremamente divertido, engraçado, leve e tão cheio de referências quanto Sonic — O Filme. Ele não vem para competir com as grandes e mais esperadas obras do cinema, vem para agradar e relaxar seu público e faz isso com sucesso. É importante deixar claro que ele não irá agradar a todos, principalmente por sua simplicidade e até mesmo infantilidade em determinadas partes. Por serem exploradas de forma proposital, acabamos em grande parte relevando e curtindo sem grandes cobranças.
É importante ainda lembrar que o público para o qual Sonic 2 é direcionado é infantil. Por mais que pareça apenas uma justificativa simples, a classificação e esse direcionamento permitem que, assim como aconteceu no primeiro, tenhamos um filme onde a expressividade corporal dos personagens, principalmente de Jim Carrey, seja levada ao extremo. Inclusive, isso lembra o que víamos em filmes mais antigos do ator, como Ace Ventura, O Máskara, Todo-Poderoso e muitos outros, mas sem se preocupar com o fato de que nos dias atuais essa expressividade e formato de humor não são mais tão populares.
Outro ponto em que o público-alvo influencia é a linguagem. Muitas vezes as coisas parecem ser demasiadamente forçadas, lembrando os famosos e antigos seriados familiares gravados com público ao vivo. O famoso abraço familiar, expresso não apenas corporalmente, mas também verbalmente. As várias vezes que vemos o “soquinho” e “aperto de mão”, tudo lembra muito uma comunicação bem mais utilizada no passado e a sensação que o filme passa é que é tudo proposital, não apenas uma referência ou mera coincidência.
Muito disso se dá principalmente pela participação de Carrey — não só como ator, mas, como no primeiro filme, com participação e liberdade criativa para influenciar diretamente no roteiro. Além disso, a série Sonic veio como uma redenção espiritual do ator e dá para sentir isso facilmente durante todo o longa. Há tempos não víamos uma atuação tão livre e leve dele como esta, talvez nem em seu antecessor. Essa parece ter sido a razão de optarem por entregar ainda mais tempo de tela para ele, comparado aos demais personagens “humanos”. Não à toa, Carrey ficou tão feliz e tão apegado à equipe, que cuidava dele e o apreciava, que presenteou vários funcionários do set de filmagens, inclusive presenteando um deles com um carro.
É claro que essa expressividade e tempo em tela a mais também se dão pelo novo e tão esperado “parceiro” do personagem: Knuckles, o Echidna. Assim como os demais personagens, ele é extremamente fiel às suas várias participações em tela, sendo retratado como grande, forte, bobo (realmente o forte dele não é a inteligência), mas com um ótimo coração. Obviamente, isso é o que abre margem para sua manipulação. A forma como ele entra e como o restante do filme se desenrola é esplêndida.
Assisti ao filme dublado por questões de disponibilidade, e por isso não consigo dizer com exatidão como a dublagem de Idris Elba encaixa no personagem. Mas fica claro desde o início que talvez nenhum outro ator tivesse um perfil tão similar à postura quase impenetrável do Echidna ranzinza e mal-humorado, algo que é confirmado nos trailers e cenas avulsas que vi na internet. De qualquer maneira, consigo afirmar que a dublagem brasileira está perfeita, assim como vimos tantos anos atrás assistindo aos desenhos do ouriço em TV aberta.
Sonic 2 é um filme tão fiel e divertido quanto o primeiro, talvez até mais, demonstrando que a saga está indo pelos caminhos certos e que finalmente temos uma adaptação em live action que soube os caminhos e a comunicação para dosar a realidade e a fantasia de personagens em 3D. Esse caminho foi apostar em um filme bem mais infantil, mas, sinceramente, não vejo outras maneiras de isso ser feito tão perfeitamente, visto que nem nos games essa interação do ouriço com a realidade havia funcionado tão bem.
Novamente é importante frisar: Sonic 2 não é um filme para todos os públicos. Quem não for fã da saga e até mesmo quem for pode até gostar, mas a demasiada infantilidade pode também trazer incômodos aos espectadores. O final deixa bem claro que há espaço para a expansão da saga e que novos personagens estão por vir. Carrey, por outro lado, afirma estar se despedindo, porém dá a entender que essa pode não ser uma decisão definitiva. Resta esperar para ver se os demais filmes conseguirão manter o nível, e, principalmente, se continuarão apenas apostando no público infantil. Talvez, conforme o desenrolar da saga, essa comunicação vá se voltando cada vez mais para os fãs de longa data do ouriço.
De qualquer maneira, assim como foi com o Sonic 2, mal posso esperar para que Sonic 3 seja lançado e para ver os rumos da história, afinal, personagens e histórias não faltam caso queiram explorá-los. Só espero que não vire uma saga de filmes infinita como muitas outras, que tiram o máximo de dinheiro do público às custas de sua qualidade.
Mais sobre FILME
Puxadinho Cast #106 | Netflix TUDUM 2023
O TUDUM é o evento realizado pela Netflix para anunciar seus grandes lançamentos, trazer artistas para ter contato com o …
Opinião Sincera | A Pequena Sereia (2023)
Após muitas expectativas, finalmente, em maio de 2023, foi lançada a adaptação para live action de A Pequena Sereia (The …