O que aconteceria se, ao invés dos EUA, o Superman tivesse crescido na União Soviética? Essa é a premissa de Superman: Red Son (adaptado como Superman: Entre a Foice e o Martelo), animação que foi lançada no início do ano e se baseia numa HQ de Mark Millar. Nela, somos apresentados a um Superman russo que cresceu em plena Guerra Fria, além das implicações que isso teria no futuro da humanidade. Caso ainda não tenha assistido ao filme, segue o alerta de que o texto contém spoilers.
Para começar, nessa animação, uma das coisas que me chamaram a atenção em Superman: Entre a Foice e o Martelo foi o cuidado que os produtores tiveram com o filme, com uma abertura bonita e repleta de imagens do material original, cenas de luta bem-feitas (ponto forte das animações da DC), personagens bem desenhados (assim como na HQ) e com um visual mais retrô, além de uma dublagem excelente, inclusive com direito a sotaque russo dos soviéticos.
Em relação ao roteiro, pode-se dizer que a Warner foi ousada por dar uma “sacudida” nos valores morais do Homem de Aço, o que pode não ser bem visto por parte do público, mas que é bem compreensível, visto que os princípios do Superman podem variar dependendo da família que o adotou.
Ainda na história, há algumas grandes diferenças entre as duas mídias. Há um maior aprofundamento na HQ em certos aspectos políticos e na história de alguns personagens, como Hal Jordan e Batman. Além disso, no quadrinho, Lex e Superman têm mais oportunidades de mostrar seu potencial como adversários do que na animação.
A animação também peca no incoerente comportamento do Superman, que mata para alcançar seus objetivos, mas que insiste em conquistar os EUA pacificamente. É uma falha também presente na HQ, que criou um Batman vingativo e cruel, mas que nunca foi atrás do assassino dos seus pais (se aliando a ele, em certo momento).
Sobre as atitudes dos protagonistas, mesmo eu não concordando com nenhuma delas, a animação foi mais bem sucedida em tentar justificá-las, conseguindo, inclusive, balancear bem o conflito ideológico da trama sem tender a nenhum dos lados.
Ao assistir ao filme de Superman: Entre a Foice e o Martelo, fiquei motivado a ler a HQ (bem elogiada, diga-se de passagem), porém há muitas diferenças, como se pode ver, e, para mim, a maior delas foi em relação ao seu final. A animação seguiu o padrão dos inimigos que se unem e se redimem dos seus erros, diferente do quadrinho, que mostrou um dos melhores finais que vi nos últimos tempos pela reviravolta completamente inesperada e que, com certeza, poderia fazer muito mais sentido se fosse introduzida no filme (que, de forma muito positiva, sequer cogita uma relação entre Superman e Lois).
Por fim, ainda acho a HQ melhor do que o filme, mas este não deixa a desejar, visto que manteve o nível das animações da DC e tentou aparar algumas pontas soltas do material original criando saídas alternativas para a história (que já era alternativa). E tudo isso em menos de uma hora e meia de filme, o que torna compreensíveis os cortes e adaptações feitas do quadrinho.
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