“Ele olhou para mim. Seus olhos sem brilho sequer sabiam se eu entenderia a sua língua. Me olhou como se olha para um compatriota cuja nação mãe é a loucura. Eu consegui ver em seus olhos mortos a imagem insana do desconhecido” (Os tambores de Azathoth, página 33)
Seguindo a coleção de quadrinhos inspirados em clássicos do horror da Editora Draco, comentarei as minhas impressões sobre a segunda parte da supracitada trilogia: O Despertar de Cthulhu em Quadrinhos! Também organizado pelo Raphael Fernandes e publicado em 2016, essa HQ apresenta oito contos baseados na mitologia de terror criada pelo lendário H.P. Lovecraft. Aqui, vemos indivíduos ordinários perceberem o quão insignificante pode ser sua existência quando se deparam com a magnitude dos Antigos Deuses. Seguindo o conceito de usar somente três cores, foi utilizado apenas preto, branco e verde.
Acredito que é quase impossível alguém que tenha contato com entretenimento de terror (sejam filmes, jogos, HQs, romances ou músicas) e não conheça algo da mitologia lovecraftiana. Desenvolvida por Howard Lovecraft nas primeiras décadas do século XX, ela deixou marcas profundas no gênero e é referenciado constantemente na indústria do entretenimento e, até mesmo, dentro de alguns círculos ocultistas.De maneira parecida com minha experiência ao ler Rei Amarelo em Quadrinhos, também da Editora Draco, eu conhecia o material que seria abordado nessas páginas, porém sem a menor profundidade. Essa HQ me apaixonou por esses Deuses (e destruiu o que restava do simulacro de minha sanidade).
Curiosamente, minha ordem de preferência das HQs da coletânea “Cores do Horror” é a ordem de publicação. Despertar de Cthulhu (Cleyton para os íntimos) em Quadrinhos me causou múltiplas reações: do espanto ao desarranjo, passando pela angústia. Além disso, a estranheza causada pela distorção de coisas cotidianas, como ir para um restaurante ou igreja, foi uma das coisas que mais me agradou.
Uma vez eu li numa review dessa HQ no blog da Editora Penumbra Livros que um dos grandes méritos deste lançamento é a brasilidade que é apresentada nas páginas. Como questionou Vinícius Ferreira (Penumbra Livros) “qual a diferença entre um vilarejo na Nova Inglaterra e uma cidadezinha no interior de Minas Gerais? E qual a diferença entre um grupo de evangélicos extremistas e de cultistas malucos?”. Não tenho como descordar dessa fala. Esse álbum da Editora Draco consegue renovar um material que já foi usado e reusado após injetar uma ambientação brazuca nela.
Entretanto, como nada nesse mundo é perfeito, tenho uma crítica: o nome. Na primeira e na terceira parte da coleção, as histórias são baseadas em livros que lembram a humanidade de sua insignificância: Rei Amarelo e a Clavícula de Salomão (livro que ensina a invocação dos Demônios da Goetia), respectivamente. Sendo assim, fiquei um tanto frustrado que o nome da segunda parte não foi Necronomicon em Quadrinhos, pois Cthulhu não é o único dos Antigos a aparecer, mas entendo que o nome daquele que, morto, dorme em R’lyeh tenha um peso comercial maior.
Fechando minha fala, gostaria de parabenizar os autores e artistas pelo trabalho de grande esmero, em especial, à dupla Antonio Tadeu e LuCAS Chewie, pela pesquisa que fizeram para realizar o seu conto “Tambores de Azathoth”, essa que foi minha narrativa favorita entre as oito. Ler essa obra, assim como o material usado como base, é sempre um revigorante lembrete de que, como dizia o próprio Howard Lovecraft, “A emoção mais antiga e intensa da humanidade é o medo, e o mais antigo e intenso dos medos é o medo do desconhecido.”
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