Desde que saiu o trailer desse filme, fiquei com uma sensação agonizante de que já tinha visto aquilo em algum lugar. Agora que assisti, finalmente entendi o motivo: A Mulher na Janela, de Joe Wright, faz referências pesadas a muitos filmes famosos de suspense, sendo um verdadeiro clichê não muito impressionante. Mas a falta de criatividade no roteiro foi compensada por uma produção artística belíssima que vale a pena conferir.
Baseado no livro homônimo de A. J. Finn, A Mulher na Janela nos apresenta à Dra. Anna Fox (Amy Adams), uma psicóloga que, após viver uma experiência traumática, enfrenta o transtorno psicológico “agorafobia”. A agorafobia é caracterizada por uma situação de pânico que pode estar relacionada a medos diversos. No caso de nossa Anna, ela tem medo de sair de casa e se encontrar em lugares amplos. Por isso, vive isolada em sua casa em Manhattan, bebendo vinho e tomando remédios, em contato apenas com seu psicólogo e um inquilino que vive em seu porão. Ela passa boa parte de seus dias observando, através de sua janela, a rua e as casas vizinhas. Um dia, uma nova família se muda para a casa do outro lado da rua e logo Anna fica obcecada pelos novos vizinhos. Eis que algo perturbador e muito suspeito acontece, fazendo Anne desafiar seus limites, memórias e medos.
As intenções da Netflix eram muito boas, nos trazendo uma adaptação do livro de sucesso de A. J. Finn, somado a um elenco de peso. As estrelas do longa vão de Amy Adams (A Chegada) até participações de Julianne Moore (Para Sempre Alice), Gary Oldman (Mank), Anthony Mackie (Falcão e o Soldado Invernal) e Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados). Então as expectativas dos cinéfilos eram muito altas. Particularmente, sou muito fã de Amy e de todos os seus filmes. Quando vi que seria um suspense psicológico, meu gênero favorito, imaginei que seria excelente, como Animais Noturnos: super tenso, complexo, de dar dor de cabeça com tanta reviravolta e mistério. Porém não foi como o esperado.
Começa bem intrigante: uma mulher bêbada e dopada de remédios isolada em casa, observando a vida alheia pela janela. Parecia apenas mais um dia de quarentena para muitos. A todo momento o filme nos deixa curiosos quanto ao passado da protagonista e o que a levou àquele estado de ansiedade. Nisso, a arte estética e o elenco são as melhores partes do longa.
O suspense foi muito bem produzido, contando com um show de atuações, fotografia maravilhosa, cenário impecável e uma arte belíssima. Vale muito a pena assistir, a diversão é inevitável. Mas, apesar da qualidade e de ser recheado de reviravoltas — que, para muitos, vão arrepiar bastante —, ele não contém nada de inovador ou impressionante para os amantes de cinema.
A Mulher na Janela tem inspirações fortes em Janela Indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock, que inspirou muitos outros filmes do mesmo tipo, como Paranoia (2007), de D. J. Caruso. E tenho certeza de que vi outro muito parecido na Sessão da Tarde. Por isso minha sensação de déjà vu: porque de fato eu já vi essa história várias vezes em outras obras, o que transformou esta em mais uma refilmagem do que já cansamos de ver. Isso com certeza decepcionou um pouco.
Atrelado a isso, o final foi confuso e decadente, destruindo todas as esperanças de que A Mulher na Janela poderia ser melhor do que havia sido até então. Recomendo que assista e tire suas próprias conclusões, afinal, ainda é um filme com bom valor de produção e bem dirigido, apesar de o roteiro não ter a complexidade esperada de um suspense psicológico.
ATENÇÃO! Este texto, a partir de agora, contém spoilers. Continuem por sua conta e risco. Continuemos.
Primeiramente queria comentar sobre o suposto mistério de Jane Russell. A Mulher na Janela queria passar a ideia de que aquela mulher com quem Anna interagiu era Jane Russell e a confusão mental pela qual a protagonista passou com os acontecimentos posteriores eram fruto de seu problema psicológico. Mas, desde o primeiro segundo em que vi a Katie, eu sabia que ela não era a Jane, uma vez que em nenhum momento ela deixou isso claro. Além disso, quanto ao assassino de Katie, também estava óbvio que não era o Alistair.
E mais: uma inspiração até forte demais em A Garota no Trem, quando Anna tenta denunciar o ocorrido, mas ninguém acredita nela por estar sempre bêbada e tomando remédios psicotrópicos.
Além disso, o final tomou uma direção totalmente do que se esperava. Tínhamos várias possibilidades brotando para uma explicação do assassinato ocorrido, mas o diretor escolheu o pior deles: o adolescente perturbado era um psicopata assassino, com justificativas extremamente fúteis.
Repito que nada disso diminui os momentos de tensão nem o drama das reviravoltas, mas, para quem assiste aos filmes atentos aos detalhes, como eu, A Mulher na Janela foi bem mediano, não possuindo aquele final de explodir os neurônios que se esperava.
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