Enola Holmes (2020) é uma produção Netflix que conta uma parte da história da irmã de ninguém menos que Sherlock Holmes. Antes mesmo de estrear, a produção estava causando polêmica por conta de uma disputa de direitos autorais pela família do escritor Arthur Conan Doyle, idealizardor de Sherlock, que nunca mencionou uma irmã.
De onde veio essa menina? A personagem é fruto de um livro escrito por Nancy Springer, uma fã de Sherlock. Existe um processo rolando para ver quem fica com o quê e quem pode fazer o quê, mas sigamos para o filme.
O filme introduz a busca de Enola (Millie Bobby Brown) pela mãe desaparecida — interpretada por Helena Bonham Carter. Faço uma pausa aqui para dizer que apostaram alto no filme, pois contrataram ainda Henry Cavill (The Witcher), Sam Claflin (Jogos Vorazes) e Fiona Shaw (Harry Potter e Killing Eve).
Com habilidades investigativas tão apuradas quanto as de Sherlock, Enola parte em busca de sua mãe, que sumiu em seu aniversário de 16 anos deixando algumas pistas pelo caminho. No meio da jornada, ela cruza com o Visconde Tewkesbury (Louis Partridge), que está fugindo do alistamento militar.
Ambientado na Londres de 1880, o filme mostra o lado feminino da história. Protagonizado por mulheres fortes, que sabem o que querem e se posicionam para conseguir, a trama aborda a conivência masculina para com a opressão das mulheres. Isso se apresenta de maneira muito clara em Sherlock, que “ajuda” muito mais pela satisfação da própria curiosidade do que pelo objetivo em si. Convenhamos que ele sempre foi um personagem egoísta e narcisista, Enola apenas o disse em alto e bom som.
Boa parte dos conflitos que acometem Enola não são diferentes da vida de outras moças da época: homens controladores e uma sociedade que cobra um perfil específico para o sexo feminino. Diversas vezes ela foge para não ir para um internato, onde receberia a “educação formal” da época.
Eudoria Holmes (Helena Bonham Carter) havia educado Enola em casa, ensinando-a as maravilhas da literatura e do treinamento físico — mente sã em corpo são. Gostei bastante da introdução do jiu-jitsu na trama por ser uma grande fã e uma praticante. A arte suave oferece às mulheres, geralmente mais leves do que os homens, uma forma de se defenderem com agilidade, técnica e eficácia. Ainda hoje, toda mulher deveria saber os preceitos básicos da arte milenar.
Intrincada no meio de uma disputa política, Enola descobre que sua mãe teria um plano que mudaria os rumos da vida das mulheres, mas não sem sujar as mãos. Em busca do voto igualitário, uma organização da qual Eudoria participava planejava um ataque. No meio do caminho, Enola descobre que o tal visconde havia sido alistado justamente para evitar que ele votasse a favor do progresso. Ela então decide ajudá-lo na sua jornada.
A trama propõe também a quebra da quarta parede, então, em diversas cenas, Enola interage com a câmera, conta-nos histórias e anedotas e nos faz perguntas. Com cerca de 2h de duração, o filme me parece mais um teste para saber como será a recepção da irmã de Sherlock por parte do público. Será que vem série por aí? Eu, particularmente, ficaria bastante contente em poder assistir.
O figurino e a fotografia do filme são incríveis, o storytelling também é bastante interessante e proporciona uma imersão súbita na obra. A atuação de Millie Bobby Brown não deixa nada a desejar e me lembrou bastante a Emma Watson. Será que a 11 de “Bagulhos Sinistros” se tornará um novo ícone feminista?
Mais sobre FILME
Puxadinho Cast #106 | Netflix TUDUM 2023
O TUDUM é o evento realizado pela Netflix para anunciar seus grandes lançamentos, trazer artistas para ter contato com o …
Opinião Sincera | A Pequena Sereia (2023)
Após muitas expectativas, finalmente, em maio de 2023, foi lançada a adaptação para live action de A Pequena Sereia (The …