Inspirado na vida de Mary Shelley, autora de Frankenstein ou o Prometeu Moderno, o filme é uma mistura entre suspense e romance, concentrando-se no que parecem ser os anos cruciais para que a sua primeira obra fosse escrita e revelando quão à frente do seu tempo ela era.
Mary Wollstonecraft Godwin (seu nome de solteira) é filha da autora feminista Mary Wollstonecraft e do filósofo William Godwin. Diferentemente de muitas mulheres de sua época, Mary cresceu cercada por livros clássicos e revolucionários e, mesmo não tendo contato com a mãe, que faleceu 10 dias após seu nascimento, ainda assim seus ideais feministas foram absorvidos através de suas obras. Após a morte da primeira esposa, William casou-se novamente e teve sua segunda filha, Claire Clairmon, intensamente próxima de Mary.
A relação entre Mary e sua madrasta nunca foi boa. Por volta de seus 16 anos, quando se tornou insustentável, seu pai a enviou para a Escócia para se hospedar na casa de um grande amigo, para que ela pudesse viver novas experiências. Em meio a encontros entre admiradores e colegas de seus pais, Mary conhece Percy Shelley, um poeta encantador e cinco anos mais velho.
A química entre eles acontece no primeiro momento, e logo estão apaixonados. O romance conta a vida de Mary, que abandona tudo para ir viver com Shelley, e sua irmã Claire Clairmon, que os acompanha em alguns anos de aventura. Essa nova fase faz com que a autora mergulhe e experimente sentimentos mais profundos e densos. Em menos de dois anos ela já havia colecionado momentos bastantes sombrios e, aos 18 anos, havia escrito Frankenstein. A primeira edição de sua obra foi publicada sem seu nome, por muitos acreditarem que essa seria uma obra de seu marido e não dela — mesmo tendo conexões com grandes autores da época.
O filme de 2017, dirigido por Haifaa Al-Mansour e com roteiro escrito por Emma Jensen, cresce nos momentos mais intimistas, principalmente quando as atrizes Elle Fanning (Mary Shelley) e Bel Powley (Claire Clairmon), que fazem belíssimas interpretações, estão em cena. Contudo, em outros momentos, a teatralidade de alguns personagens masculinos incomoda e parece destoar do todo.
Apesar de ser um filme ambientado no séc. XVIII e por isso seus diálogos serem mais elaborados, ele progride bem, fazendo com que o público seja imergido na história e, de forma geral, permaneça com sua atenção voltada para as próximas cenas. Além disso, a cenografia e o figurino são impecáveis, auxiliando na construção dos personagens.
Mary Shelley é um filme que retrata uma mulher muito à frente do seu tempo, forte, dona de si, que enfrentou — provavelmente — algumas das piores experiências possíveis em sua época e conseguiu transformar tudo isso em uma renomada obra literária. Talvez para os grandes fãs de Frankenstein o filme não esteja à altura, mas sem sombra de dúvidas ele inspira principalmente aqueles que não conheciam mais sobre a vida dessa grande autora.
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