Talvez você já tenha ouvido falar dos “dramas” produzidos no leste asiático, principalmente na Coreia do Sul e na China. Talvez você tenha perdido algumas amizades para o buraco negro dos dramas. Ou talvez você não entenda nada do que está acontecendo, mas queira fazer parte.
Nada tema. Vamos explicar tudo. Também separamos 8 (ou 9) dramas disponíveis na Netflix para entrar de cabeça nesse mundo — ou, pelo menos, entender do que todo mundo está falando e ver se é pra você.
O que são os tais dramas?
Os dramas são produções televisivas do leste asiático, que ocupam, na rotina e cultura local, um lugar parecido com o das novelas no Brasil e das séries nos Estados Unidos. Em termos de formato e narrativa, costumam ser séries curtas (as mais famosas têm entre 10 e 25 episódios de cerca de uma hora) com arcos fechados, e costumam ser exibidas à noite, duas vezes por semana. Em outros aspectos, como a construção de personagens, podem apresentar mais semelhanças com estereótipos novelescos, mas isso é muito individual e é assunto para outra hora.
Muita gente usa para as séries de todos esses países a expressão “dorama”, que vem da pronúncia japonesa e é um pouco problemática se aplicada a outros países — especialmente considerando a relação histórica entre o Japão e a Coreia do Sul. Na dúvida, é melhor usar só “drama” ou especificar o país da produção: drama coreano ou “kdrama”, drama chinês ou “cdrama”, e assim por diante. A Babi Dewet explica um pouquinho aqui:
Onde posso ver? Por que a Netflix?
Boa parte dos dramas mais conhecidos e queridos está disponível no serviço de streaming Viki, dedicado a eles. O Viki tem uma opção de assinatura gratuita e três níveis de assinaturas pagas, cada um com mais conteúdo desbloqueado. Hoje em dia, no entanto, a Netflix não fica muito atrás: a gigante do streaming adquiriu os direitos de exibição internacional de várias produções mais recentes, inclusive de forma simultânea, no mesmo esquema que fazia com séries americanas como The Good Place.
Resolvemos indicar, nesta lista, apenas o que está disponível na Netflix Brasil, por questão de praticidade, já que é bem provável que você tenha uma conta por lá. Já o Viki é menos conhecido fora da “bolha” e não tem mais um aplicativo para TV, o que é um ponto negativo para muita gente. Mas aqui mesmo no Puxadinho já falamos de dramas que, no Brasil, atualmente só estão disponíveis no Viki, como What’s Wrong With Secretary Kim?.
Em tempo: fiz essa lista com ajuda da Anapa, que é quem escreve mais, melhor e há mais tempo sobre dramas aqui no Puxadinho, e da MR Silva, roteirista e especialista em todo tipo de drama, novela e série, particularmente as que envolvem bruxas e/ou mocinhos bobos. Pensamos naqueles que influenciaram mais pessoas que conhecemos a entrar de cabeça no universo dos dramas, então provavelmente algum deles vai funcionar para você.
1. Romance is a Bonus Book (Coreia do Sul, 2019, 16 episódios)
Esse drama é um queridinho de muita gente e um bom lugar para começar pelo tom leve da narrativa. Cheguei a comentar na Opinião Sincera sobre ele que todo o sofrimento se concentra bem no início — depois, é como se fosse um abraço quentinho, especialmente se você ama livros. A premissa lembra um pouco a da série americana Younger, e vários dos causos editoriais também, mas são histórias bem diferentes.
A publicitária Kang Dan-i se dedicou ao casamento e à filha por muitos anos, mas precisa voltar a trabalhar na área para sustentar a filha depois de se divorciar. No entanto, ninguém quer aceitá-la, por acreditar que muito tempo “parada” a tenha deixado defasada ou seja sinal de desleixo. Depois de um ano sem conseguir nada, ela finge não ter formação e experiência e encontra um emprego de auxiliar na editora em que seu melhor amigo Cha Eun-ho trabalha. Eun-ho se tornou um editor, escritor e professor de sucesso e não fazia ideia que a amiga estava passando por tantas dificuldades — ela até mora escondida na casa dele, porque foi despejada de onde morava.
2. Meninos antes de Flores (Coreia do Sul, 2009, 25 episódios) e Jardim de Meteoros (China, 2018, 49 episódios)
Tudo começou nos anos 1990, com a série de mangás Hana Yori Dango, escrita e ilustrada por Yoko Kamio. Desde então, os mangás já foram adaptados para anime, filme e vários dramas de países diferentes. Isso inclui a taiwanesa Meteor Garden, de 2001; a japonesa Hana Yori Dango, de 2005 e 2007; a sul-coreana Meninos antes de Flores (Boys Over Flowers), de 2009; e a chinesa Jardim de Meteoros (Meteor Garden), lançada mais recentemente, em 2018. Ainda falta a temporada de Malhação, mas temos fé que algum dia sai.
Um clássico é um clássico, e tanto a adaptação sul-coreana quanto a chinesa podem ser bons pontos de partida, por isso as duas fazem parte do mesmo item. A trama dessas duas versões envolve uma protagonista que entra para uma instituição de ensino de prestígio, mas cuja vida muda quando conhece o F4, um grupo de quatro rapazes de famílias muito ricas. Boys Over Flowers se passa na escola e Meteor Garden na universidade, e a Anapa já explicou algumas das diferenças e semelhanças entre os dois dramas aqui no Puxadinho.
3. Pousando no Amor (Coreia do Sul, 2020, 16 episódios)
O drama é do mesmo diretor de Romance is a Bonus Book, Lee Jung-Hyo, e apresenta a mesma leveza. Ainda que, pela premissa, não pareça: uma empresária sul-coreana cai numa tempestade ao saltar de paraquedas e vai parar na Coreia do Norte, onde é encontrada por um capitão do exército.
Parte da trama envolve assassinatos, corrupção, medo e uma versão fictícia do conflito entre as duas Coreias, mas o principal tom do drama é mesmo de uma comédia. A protagonista, Yoon Se-Ri, consegue convencer o capitão Ri Jeong-Hyeok a não denunciá-la aos seus superiores quando a encontra. Ela então fica escondida na casa dele até que os dois encontrem uma forma de levá-la de volta à fronteira em segurança — com a ajuda do esquadrão do capitão, responsável pela maior parte do alívio cômico e por uma história de amizade muito bem-desenvolvida.
4. Hello, My Twenties! (Coreia do Sul, 2016-2017, 26 episódios)
Um dos poucos dramas da lista a ter mais de 16 episódios, Hello, My Twenties! (também conhecido como Age of Youth) acompanha um grupo de cinco amigas universitárias que moram juntas. Cada uma tem seus vinte e poucos anos de idade e enfrenta algum problema comum dessa fase da vida, seja a dificuldade de conciliar trabalho e estudo ou até mesmo um relacionamento abusivo. É através dessas adversidades que elas se conectam e nós, consequentemente, nos conectamos com elas — bônus para as protagonistas e amizades femininas.
5. Ombro Amigo (China, 2019, 24 episódios)
Outro drama que já tem Opinião Sincera por aqui, e esse é basicamente uma comédia romântica universitária bem leve que retrata situações mais cotidianas. Ele acompanha a estudante Si Tu Mo, cujo sonho é trabalhar com Publicidade e Marketing, mas que está se formando em Contabilidade. Momo é apaixonada pelo melhor amigo, Fu Pei, que parece ligar para qualquer uma menos ela — e, para completar, conseguiu um emprego e está enfrentando dificuldades com o alojamento estudantil, mas não tem onde morar a não ser lá. A mãe dela salva sua vida, conseguindo que ela more no apartamento de uma amiga antiga, que não estava sendo usado.
É aí que entra Gu Weiyi, gênio da faculdade de Física. Ele é o filho da amiga em questão, e inesperadamente resolve voltar a usar o apartamento logo depois de Momo ir morar lá. Ela precisa do lugar, e ele é essencialmente o dono, então os dois resolvem dividir — com muitas dificuldades no começo, por ele ser uma pessoa exata demais sem nenhuma habilidade com pessoas e ela ser o oposto.
6. Uma Segunda Chance (Coreia do Sul, 2020, 16 episódios)
Cha Yu-Ri é uma fantasma. Ela morreu em um acidente há cinco anos e, após descobrir que a filha que deixou recém-nascida tem a habilidade de ver espíritos, acaba recebendo a oportunidade de voltar à vida por 49 dias. Se, depois desses 49 dias, ela recuperar seu lugar, voltará permanentemente; caso contrário, morrerá outra vez. Mas, no decorrer desses cinco anos, seu marido Jo Kang-Hwa acabou se casando novamente e a sua filha, por ser muito pequena, conhece a madrasta como mãe.
É uma história emocionante sobre morte, luto, família e maternidade que deve ganhar um espacinho entre os seus favoritos. Se restar alguma dúvida, é só correr lá na nossa Opinião Sincera.
7. Tudo Bem Não Ser Normal (Coreia do Sul, 2020, 16 episódios)
Drama? Suspense? Comédia? Romance? Sim. Tudo Bem Não Ser Normal é uma história única, que mistura tudo isso e mais um pouco. Também tem Opinião Sincera aqui no Puxadinho.
Ko Mun-Yeong é uma escritora de livros infantis um pouco diferentes e sombrios. Ela tem um tipo de transtorno de personalidade antissocial, muito por conta da infância difícil e traumática que teve. Moon Gang-Tae é um cuidador que trabalha em hospitais psiquiátricos. Ele e o irmão, Moon Sang-Tae, perderam a mãe ainda muito jovens, e Gang-Tae trabalha para sustentar os dois. Sang-Tae está no espectro autista e, muitos anos atrás, após ver a mãe ser assassinada, acabou desenvolvendo um medo irracional de borboletas. Ele é fã do trabalho de Mun-Yeong e, quando ela é convidada para uma leitura no hospital onde o irmão trabalha, as vidas dos três protagonistas se entrelaçam, passam por mudanças, e traumas antigos começam a reaparecer.
O sucesso da série foi tão estrondoso, inclusive por aqui, que o Brasil é o primeiro país a traduzir e publicar os livros escritos pela protagonista.
8. Uma Noite de Primavera (Coreia do Sul, 2019, 16 episódios)
Esse talvez seja o drama mais “dramático” mesmo desta lista, por envolver diversos assuntos considerados tabus. Jung Hae-in, queridinho unânime por aqui entre os atores coreanos, interpreta Yu Ji-Ho, um farmacêutico dedicado, mas que recebe alguns olhares tortos por ser pai solteiro. Han Ji-Min interpreta a bibliotecária Lee Jeong-in, que anda um pouco insatisfeita com seu relacionamento e se sentindo desvalorizada. Certo dia, ela precisa parar na farmácia, mas percebe que esqueceu a carteira e Ji-Ho a ajuda.
A partir daí, os dois se aproximam, tentando a qualquer custo fingir que não se gostam, mas algumas coisas começam a mudar só por se aproximarem. Ele, que já estava conformado a estar sozinho, receber olhares tortos e ser considerado “inferior”, percebe que merece mais. Ela, que mesmo se sentindo desvalorizada não terminava o relacionamento por ser com alguém “de boa família”, também percebe que merece mais. Bônus: o filho dele é extremamente fofo e a trilha sonora é maravilhosa.
E aí, por qual desses você vai começar?
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